sexta-feira, 22 de março de 2013

Fred Figner e o registro fonográfico no Brasil


A história da gravação fonográfica no Brasil inicia-se com a chegada do tcheco Frederico Figner e com a criação da Casa Edson, primeira gravadora que daria início a um processo que viria a configurar uma indústria fonográfica brasileira décadas depois. 

Figner chega ao Brasil, vindo dos Estados Unidos em 1891, desembarcando em Belém do Pará e, no ano seguinte, chega ao Rio de Janeiro. O jornalista e historiador Jorge Caldeira, em matéria para revista História Viva de novembro de 2003, diz que Figner “trazia na bagagem um fonógrafo e alguns quilos de cera – a matéria-prima necessária para gravar vozes”. Após ganhar dinheiro com pessoas que pagavam para ouvir vozes, experiência que era uma grande novidade na época, mas que se esgotou, passou a importar vitrolas e discos e também a gravá-los, pois muita gente ainda tinha interesse em ouvir música. Para isso, “contratou alguns artistas de fama local” para gravarem os discos. Entre os primeiros, constam o flautista Patápio Silva, o maestro Anacleto de Medeiros e os cantores Cadete e Bahiano que, segundo Caldeira, teriam se tornados alguns dos primeiros músicos de gravação profissional do mundo. Em 1897, funda a Casa Edson, até hoje lembrada em qualquer pesquisa sobre a história dos primórdios da música brasileira (Caldeira: 2003; pp. 66-71). 

Em 1902, inicia-se a era do disco no Brasil. Precisamente, nos dias 2 e 5 do mês de agosto daquele ano, jornais como Correio da Manhã, Jornal do Brasil e a Gazeta de Notícias publicavam anúncio da Casa Edson, o qual comunicava a chegada ao Rio de Janeiro das “chapas para gramophones e zonophones”, cantadas pelos popularíssimos cantores Bahiano e Cadete. As 228 chapas compunham o primeiro catálogo de discos brasileiros que foram gravados em 76 rotações por minuto na Casa Edson, em seu estúdio na rua do Ouvidor, 105, e prensados em Berlim pela Internacional Zonophone Co. O seu conjunto apresentava modinhas, lundus, tangos, valsas e dobrados. Deste conjunto de gravações, Isto é bom, um lundu de Xisto Bahia, ficou marcado como o primeiríssimo registro musical. 

Frederico ou Fred Figner, como era chamado, era filho de uma família judia. Nascido na Boêmia, província da atual República Tcheca, tendo emigrado ainda muito jovem para os Estados Unidos. Seu tino pro negócio se mostrou acertado, pois ao criar a Casa Edson e promover as gravações e a vendagem da música brasileira, dominou o mercado nacional fonográfico por cerca de trinta anos (Severiano: 2008; p. 58).

Foi na sua Casa Edson que foi feita, em 1916, a gravação histórica daquele que foi considerado o primeiro samba gravado: "Pelo Telefone". Mas, essa é uma outra grande história.

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CALDEIRA, Jorge. “O tcheco que deu samba”, In: História Viva. Ano I, n°1. São Paulo: Editora Duetto, Nov 2003.

SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. São Paulo: Editora 34, 2008.

(Monografia (parte) “SAMBA E MODERNIDADE - O samba como agente transformador na primeira metade do século XX” de 2010, de Francisco de Assis Furriel Gonçalves)

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Fred Figner, também é conhecido no meio espírita por "Irmão Jacob", por conta do livro "Voltei", ditado por ele, depois de sua morte, ao médium Francisco Cândido Xavier. Pra quem se interessa pelo assunto da vida futura, como eu, fica a dica de um grande romance.


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